terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Cartas

Algo que ficou por dizer: 21/12/2011, eu estava assim:

Mais uma vez, mais uma vez escrevo e mais uma vez tudo está diferente, o meu mundo muda a cada 24horas, muda a uma velocidade impressionante e eu sinto-me deixada para trás, não consigo acompanhar o ritmo, não consigo estar a par de tudo o que nele acontece. Hoje sinto que tudo acabou, não tenho mais onde me agarrar e o coração bate mais forte que nunca, num ritmo acelerado e frenético, não consigo acompanhar, a minha cabeça parou, não consigo pensar, não consigo conceber e não consigo.. hoje não consigo nada senão chorar, as lágrimas caem a um ritmo alucinante, como se fosse o meu coração quem as bombeia para fora, estão em perfeita sintonia, e eu quero parar, não consigo, não quero escrever mas quero, quero deitar a minha cabeça no teu ombro enquanto as lágrimas caem. Como foi tudo acontecer tão depressa? Como? Os meus dias passam devagar e o tempo lá fora não para, porque não passa ele por mim, preciso que o tempo passe por mim, que leve de mim tudo, tudo o que não é meu, com a mesma rapidez com que um dia levou o que me pertencia. Não sei se quero parar, se quero correr, não sei o que quero mas sei o que quero, e queria não ter acordado, queria que este dia nunca tivesse existido, este dia que foi um deja vu de outro que em tempos aconteceu, toda a minha vida está a ser um deja vu, de outra vida que em tempos vivi, e na qual morreu um pedaço de mim, hoje morre outro e eu não quero, quero ser inteira, quero ser eu, toda, mas não consigo, são levados pedaços de mim que não têm volta, mas eu quero-os, são meus. Nada do que escrevo faz sentido, eu não faço sentido, a minha vida não faz sentido. Vivo 365 dias por ano, e nenhuma altura me pareceria tão imperfeita como esta, esta altura cheia de defeitos, de fraquezas, em que tudo aconteceu em simultâneo como uma indesejada prenda de natal, aquela que não pedi e mesmo assim fui obrigada a receber. 'Podias ter sido tu' - mas não fui, nunca o faria, e hoje pela segunda vez, sou eu, sou eu quem recebe, numa quase forçosa atitude de 'outra vez'. E eu pergunto porquê?, simplesmente porquê? - a minha cabeça funciona à base de perguntas, perguntas sem resposta, perguntas quase sem valor. Quero verdades, não gosto, nunca gostei de meias verdades ou mentiras piedosas, nada é mais puro que uma verdade, por muito que ela magoe, por muito que nos arrume a um canto, um dia essa verdade passa apenas a ser um facto, enquanto a mentira é sempre uma mentira. Quero arrumar-me a um canto, aquele canto do qual nunca devia ter saido para me entregar. 'Não tenhas vergonha de chorar' - não tenho, apenas tenho dentro de mim um cansaço extremo, um cansaço que vai buscar essas lágrimas todos os dias..

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